pressas e descansos | 30 de dezembro de 2023
Não lembro quando o vinil Caymmi veio parar em minhas mãos, retirado à força do acervo de um amigo.
Lançado nos anos 1980 pela Abril Cultural como parte de uma coleção sobre MPB, o disco acompanha um encarte com diversos textos sobre o artista. Entre os autores, ninguém menos que Jorge Amado no delicioso “Uma arte criada ao sabor do tempo baiano”, verdadeira ode à amizade de vida inteira cultivada pela dupla.
Lá pelas tantas, Jorge Amado escreve:
Caymmi leva meses e meses trabalhando cada uma de suas músicas e letras, ao sabor do tempo e da preguiça baiana e criadora. Segundo dizia Sérgio Porto, a música de Caymmi muito deve a essa preguiça, ou melhor: a esse tempo de lazer de medida tão larga, esse tempo baiano. De tudo isso posso dar testemunho, pois nesses trinta e tantos anos eu o vi compor sem descanso mas sem pressa, vi também nascer e crescer a maioria de suas composições mais famosas.
Sem descanso mas sem pressa.
Levo isso para a vida. E para Avoada.
Pois cá estamos nós, 2024 dobrando a esquina. Alguém me lê nestes minutos finais de 2023? Não sei dizer. Mas Avoada vai ao sabor e às possibilidades do tempo. Sem pressa.
Mas sem descanso.
Bom fim de ano e boa leitura!
Edições anteriores
Avoada #1 | Fabio Massari + Dzi Croquettes + Biblioteca do Ailton Krenak + Victor Sá
Se quiser me ver por aí: vira e mexe escrevo para o “EU&”, que é o caderno de fim de semana do jornal Valor Econômico. No LinkedIn, eu e Rodrigo Pipponzi editamos a newsletter Camisa S. Dediquei muitos anos ao terceiro setor, pois também cientista social, e aos livros, em especial à preparação de textos. Se você tem títulos da Boitempo na estante, capaz que meu nome esteja nos créditos. (Angela Davis. Leia Angela Davis.)
o divino da palavra
Como Régis Mikail e Roberto Borges querem questionar o cânone literário e fazer da editora Ercolano um instrumento de arrebatamento
Localizada na periferia de Nápoles, no sul da Itália, a pequena Ercolano atrai turistas de todo o mundo por seu valor histórico. Em 79 d.C., quando o monte Vesúvio entrou em erupção, a cidade que lá havia foi destruída. Hoje, Ercolano abriga um parque arqueológico menos disputado do que o da vizinha Pompeia, permitindo aos visitantes explorar suas ruínas com mais tranquilidade.
Foi lá, entre as paredes tomadas de história, que em 2016 Roberto Borges pediu Régis Mikail em casamento. Após três anos juntos, Borges sabia do pouco apreço de Mikail por símbolos caros à heteronormatividade, como um anel de noivado. “Mas eu e o Régis, nós somos pessoas simbólicas. Isso importa pra gente. Pensei: como é que eu vou fazer?”, conta Borges. “E aí, em Ercolano tem vários arbustos de mirto. Eu arranquei um galho, fiz uma coroa romana e pedi o Régis em casamento assim.” Mikail disse sim.
Vem daí a inspiração para o nome da editora de livros que o casal fundou em 2022. Dedicada a “descobrir ou reencontrar publicações pouco conhecidas, injustamente esquecidas ou ainda não ouvidas”, conforme o site, a Ercolano tem quatro títulos lançados, todos em 2023: A menina que não fui, de Han Ryner; O beijo de Narciso, de Jacques Fersen; Manet no Rio, de Édouard Manet, atual best-seller da casa; e O homem-formiga, também de Ryner.
E pode-se dizer que a culpa pela existência da Ercolano é de Han Ryner. Em 2021, Mikail escreveu um artigo para a Revista Brasileira de Literatura Comparada sobre a representação da identidade trans na ficção durante a passagem do século XIX para o século XX. Tomou como base o romance La fille manquée, escrito pelo autor francês em 1903. A obra nunca havia sido traduzida para o português.
Antes de enviar o artigo à revista, Mikail pediu a opinião do marido: “Roberto se interessou de imediato por La fille manquée. Me perguntou se alguém conhecia, eu disse que não. Aí, ele falou: por que você não traduz? Vamos traduzir. Vamos abrir uma editora”. Borges complementa: “É, porque o que a gente ia fazer? Régis ia bater na porta de qual editora pra oferecer esse romance?”
Mikail resume: “Já juntamos as trouxas pra casar, vamos juntar a vida profissional também. Vamos juntar o CNPJ”. Deu-se a Ercolano. O livro inaugural, A menina que não fui, fatídica tradução de La fille manquée feita por Mikail com prefácio de João Silvério Trevisan, chegou às livrarias em abril de 2023.
A Ercolano, em seu catálogo, decisões e estratégias, é mesmo a soma dos talentos, trajetórias e personalidades do casal. De um lado, temos o amor pelas palavras nutrido desde a juventude por Régis Mikail. Nascido em 1982, em São Paulo, toda a sua formação foi em literatura, da graduação na Universidade de São Paulo ao doutorado na francesa Université Paris-Sorbonne.
Apaixonado por pesquisar obras e autores – “É uma empolgação às vezes até de criança” –, Mikail aventura-se também na escrita. Lançou o romance Onofre, em 2021, pela editora Deep (cuja revisão de texto é desta que vos escreve, a transparência jornalística me convida a dizer). Há ainda o fascínio por idiomas: “Sou viciado em endorfina das línguas”, conta. O marido entrega: “Régis estuda persa, sânscrito, fala hindi básico. Ele é o professor Higgins, do My Fair Lady, sabe?”
E temos, de outro lado, as habilidades de gestor mescladas à alma artista de Roberto Borges. Se a paixão pelo teatro trouxe esse goiano a São Paulo e continua a ser sua força motriz – ele foi ator de musicais, produtor de peças, assistente de direção de óperas, escritor de dramaturgia –, o curso de Publicidade e Propaganda na ESPM deu-lhe estofo para ocupar cargos executivos em instituições como Mauricio de Sousa Produções, Cartoon Network e Theatro Municipal de São Paulo.
“Roberto é multi, versátil”, define Mikail. E é testemunha da mudança dos tempos. Nos anos 2010, à frente do site Mr. Zieg, sobre teatro musical, viu se transformar o modo como as pessoas consomem conteúdo online – menos texto, mais imagem. Viu a tv a cabo perder força diante do streaming. Na pandemia, viu o Theatro Municipal transferir a programação para o digital. “Acho que é porque nasci num ano de transição entre gerações, em 1979”, especula.
Foi no Theatro Municipal, onde era gerente de comunicação, que Borges conheceu o Estúdio Margem, responsável pelo projeto gráfico da Ercolano. E a tarefa não é pouca coisa. Em uma editora que, segundo o site, “se inspira no arrebatamento através da experiência estética”, a forma importa tanto quanto o conteúdo, a casca informa tanto quanto o miolo.
“Eles [Estúdio Margem] trouxeram tudo aquilo que a gente mais gosta nos livros antigos e extrapolaram em elementos contemporâneos: o marmorizado, o código de barras na capa, o ISBN enorme”, explica Borges. Mikail toma a palavra: “Pra não ficar só uma coisa de duas bichas velhas querendo copiar como era antigamente. A gente é bicha velha, mas...” “A gente vive agora”, arremata Borges.
(Vale mencionar do projeto gráfico o ideograma em formato de coroa de mirto. Outra minúcia: na página de abertura do site, um dos relógios marca a hora na cidade de Ercolano.)
Como não poderia deixar de ser, há igual zelo com os títulos que a casa decide publicar. “Em um mercado editorial sempre em transformação, a gente tem que encontrar uma maneira de arrebatar as pessoas”, começa Borges. “E eu vejo isso”, segue Mikail, “através da experiência da palavra escrita. E essa experiência de arrebatamento não é necessariamente você ser levado pra um mundo melhor. É questão de aquilo despertar outros sentidos”.
A escolha não se resume, portanto, a obras e autores jogados para escanteio. São vários os critérios considerados: “O pé no contemporâneo. Tem que ser pertinente pra atualidade”, crava Mikail. “Se tem relevância mercadológica”, lembra Borges. E, novamente, o arrebatamento: “A gente fala muito sobre o resgate do sagrado na literatura”. Mikail completa: “A escolha das palavras, a sintaxe, é todo um código que te aponta pra um estado divino”.
E, no entender da Ercolano, esse estado divino pode vir de vozes diversas. Há um esforço de questionar a quem é dado o direito de figurar no cânone literário. “Por que Han Ryner não está no cânone? É porque ele era anarquista? Pelos temas que ele falava? O próprio Fersen era perseguido. A gente só tem acesso à obra dele porque ele era rico e de alguma forma publicou aquilo”, pontua Borges.
Entre os quatro títulos lançados, destacam-se temáticas de orientação sexual e identidade de gênero. Mas se engana quem limita a Ercolano a uma “editora LGBT”: “Os queer, os LGBT têm direito de ser outras coisas além de LGBT. A gente é uma editora LGBT também”, explica Borges, frisando na fala a palavra “também”, como quem diz: não só.
São muitos os planos para 2024. Teremos e-books. Em fevereiro chegam dois volumes de Fantásticas, coletânea sobre mulheres sobrenaturais na literatura que inclui “Gradiva”, de Wilhelm Jensen, em tradução direta do alemão, e um conto da brasileira Maria Benedita Bormann, que escrevia sob o pseudônimo “Délia”.
Em maio é a vez das obras reunidas de Hugo de Carvalho Ramos, escritor goiano cujo livro mais famoso, Tropas e boiadas, de 1917, influenciou João Guimarães Rosa. Outra joia é a publicação de dramaturgia contemporânea num formato inédito no mercado editorial brasileiro – mais que isso eu não posso contar. Olho nas redes sociais da casa!
A Ercolano busca investidores para crescer inclusive a equipe, hoje com três pessoas fixas (contando com o casal). Porque os desejos são vastos: audiolivros, adaptações teatrais, selos, quiçá um centro cultural próprio. “A gente entende o livro não como um fim, mas como um meio pra discussão, pro encontro, pra multiplicar conhecimento, pra se fazer presente”, diz Borges.
“O ponto de partida é a palavra”, faz coro o casal durante nosso jantar em um restaurante no bairro de Pinheiros, em São Paulo. Ao fim e ao cabo, em essência, a história da Ercolano é a história de um romance.




palavras ditas (2023)
fundamento | itamar assumpção
Itamar Assumpção (1949-2003) foi um cantor, compositor, instrumentista, poeta.
Gênio. Simples assim. E essa não é uma palavra que distribuo à toa.
E eu ainda cravo: o homem mais estiloso na história da música brasileira.
Tem algumas formas de conhecer e se aprofundar em Itamar.
A primeira é o documentário Daquele instante em diante, de 2011, dirigido por Rogério Velloso. Disponível na íntegra aqui.
Atrelado ao filme há este perfil no Tumblr com materiais complementares. São desenhos, letras escritas à mão, fotos, cartazes & trechos de shows, matérias na imprensa, participações na televisão etc. e tal.
Outro caminho é o show gravado em 1983 na Funarte, em São Paulo, na fase da banda Isca de Polícia (nome brilhante, aliás). A apresentação acabou se tornando um especial na TV Cultura, disponível via canal oficial de Itamar no YouTube. Alerta: inclui cover de “Não vou ficar”, do Tim Maia.
Mas o melhor dos rumos é o Museu Itamar Assumpção, o MU.ITA, que você visita clicando aqui – porque se trata de um museu virtual.
Criado em 2020 pela família Assumpção, o MU.ITA reúne mais de 2 mil itens de Itamar, desde figurinos até teses acadêmicas sobre seu trabalho. “O endereço oficial para pesquisadores, fãs e demais interessados em sua história”, informa o site.
Com uma equipe curatorial formada por nomes de peso – como Ana Maria Gonçalves, autora do maravilhoso livro Um defeito de cor –, o MU.ITA oferece conteúdos em português, inglês, alemão e iorubá, e abriga exposições de artistas contemporâneos cuja linguagem dialoga com o músico.
Mas a menção honrosa vai à bela sala interativa dedicada a Serena Assumpção, filha mais velha de Zena & Itamar. Antes de falecer, em 2016, Serena gravou o celebrado disco Ascensão, resultado de seus estudos sobre religiões e culturas de matriz africana. Vale a pena.
A direção geral do MU.ITA é da filha mais nova, Anelis Assumpção, também cantora. E é preciso exaltar os esforços de Anelis para não deixar a peteca da memória cair, em um país pouco cuidadoso com a preservação de sua história.
Anelis também assina a produção musical da (ótima!) faixa “Beleléu via Embratel”, gravação inédita de Itamar lançada para marcar a inauguração do museu. Sugiro fones de ouvido:
Abaixo, uma curadoria minha de materiais do MU.ITA, parcela ínfima do que o museu disponibiliza: partitura da música “Nego Dito” | icônica capa do disco Às próprias custas S.A., de 1981 | cartaz de show em 1983 | recorte do Jornal da Tarde, em 1983 (atenção ao papel de carta!) | folha de agenda em 1994 | e foto durante show em 2003, meses antes de Itamar partir.






Enfim eu vim foi pra tocar mais fogo neste inferno!
apure os ouvidos
mulher segundo meu pai
Itamar Assumpção
Bem que meu pai me avisou Homem não sabe mulher Falou o que falou seu pai, meu avô Mulher é o que Deus quiser Às vezes quer uma flor Às vezes só cafuné Precisa de muito amor, haja amor Pra sempre carinho quer Segundo meu pai mulher Costuma muito chorar Suspira pelo que quer, a mulher Mania tem de sangrar Entrega-se na colher A quem não vai se entregar Meu pai falou que mulher, a mulher Deve ter parte com o mar
center for the study of political graphics (cspg)
Pode o design fazer uma revolução?
É isso que o CSPG quer descobrir. Trata-se de um espaço criado em 1988 para catalogar, conservar e tornar pública a produção gráfica das lutas sociais em diversos momentos históricos (desde o século XIX) e lugares do mundo (com foco inevitável nos Estados Unidos, já que é uma organização da sociedade civil estadunidense).
São cartazes, panfletos, adesivos e bótons que carregam uma mensagem política. Importante dizer: o foco não é na política institucional, e sim no ativismo social.
A maior parte do acervo se dedica a pautas progressistas: movimentos negro, LGBTQIAP+, pacifista, ambiental, de mulheres, de libertação nacional e por aí vai. Mas há exemplares de fundo conservador, uma vez que a intenção é criar memória tanto dos discursos dominantes quanto das vozes dissidentes de uma época – com toda a complexidade disso, conforme explica Carol Wells, fundadora do CSPG, nesta ótima entrevista de 2006:
The Center will collect any poster, done in multiples, with an overt political message, and does not reject posters based on their aesthetic quality, political message or condition. Someone researching the history of any of the social movements of the last 50 years needs to be able to get a good survey of the posters produced for that movement — not just the good, but also the bad and the ugly. The posters with mixed political messages are also very important as historical documents. The anti-racist or anti-war posters that are also very sexist tell a lot more about their historical time and who made them than people realize.
Em constante crescimento, o acervo do CSPG soma mais de 90 mil materiais gráficos, dos quais cerca de 8 mil estão disponíveis para consulta online. Você pode fazer buscas ou visitar as exposições temáticas, que incluem aparatos críticos de muita qualidade. Dois exemplos:
All Power to the People: Graphics of the Black Panther Party 1966-1974
Hollywood in Havana: Five Decades of Cuban Posters Promoting U.S. Films
E o CSPG existe também no mundo real. A sede é na Califórnia, com visitas agendadas ao acervo completo, workshops e exposições itinerantes.
Pois perca lá horas de sua vida, como eu fiz. E é claro que em uma coleção tão grande há coisas questionáveis & duvidosas. Mas o que vale é absorver referências gráficas, buscar inspiração política, exercitar o olhar crítico. Como diz Carol Wells:
I saw how posters could grab someone’s attention when they weren’t expecting it, and made them look at the issue from a perspective different from their own. They didn’t necessarily agree with the perspective, but they were confronted with the fact that there are multiple ways of looking at the world. That’s when I suddenly recognized the importance of the poster as an educational, organizing, and consciousness-raising tool — my activist side. My art history side understood the power of art and the politics of culture.
Para fechar, quer fazer um bom cartaz? Carol te dá a dica nesta outra entrevista (também em inglês, mas nada que um Google Tradutor não resolva).









todo poder ao povo
March for Peace April 24 Construction (cerca de 1964-1974, EUA)
La Ciudad Debe ser Diseñada También Para Nosotros (cerca de 1980, Nicarágua)
Better Be Active Today Than Radio-Active Tomorrow (1983, EUA)
Oh, So That Explains the Difference in Our Salaries! (1988, EUA)
espia
Este infográfico interativo produzido pela National Geographic Brasil para explicar como funciona uma agrofloresta na Amazônia, publicado em setembro de 2022. Legal demais! Tão legal que foi reconhecido em premiações como o Prêmio Brasileiro de Design 2023.
Outro interessante exemplo do uso de mapas e infográficos interativos pela imprensa brasileira: este panorama das favelas de São Paulo lançado pela Agência Mural de Jornalismo das Periferias em novembro deste ano. Quantas são as moradias em favelas na capital paulista? Onde se concentram? Como sua distribuição mudou entre os bairros ao longo dos anos? Vai lá descobrir.
O site oficial que reúne os trabalhos da cartunista Laerte Coutinho desde 1970, criado para comemorar seus 70 anos, em 2021. Não há muito o que dizer, a não ser: esbalde-se.
nossos respeitos
A Antônio Bispo dos Santos, o Nêgo Bispo, falecido aos 63 anos no último 03 de dezembro. Nascido e vivido no Piauí, o escritor, lavrador e liderança quilombola deixou uma produção intelectual que versa sobre colonização, contracolonização, direitos & cosmologias quilombolas e indígenas. Junto com as dezenas de palestras disponíveis online, um bom lugar para conhecer seu pensamento é a revista Piseagrama, que publicou dois longos artigos de sua autoria: “Modos quilombolas” (2016) e “Somos da terra” (2018), do qual cito um trecho:
Os contratos do nosso povo eram feitos por meio da oralidade, pois a nossa relação com a terra era através do cultivo. A terra não nos pertencia, nós é que pertencíamos à terra. Não dizíamos “aquela terra é minha” e, sim, “nós somos daquela terra”. Havia entre nós a compreensão de que a terra é viva e, uma vez que ela pode produzir, ela também precisa descansar. Não começamos a titular nossas terras porque quisemos, mas porque foi uma imposição do Estado. Se pudéssemos, nossas terras ficariam como estão, em função da vida.
A Benjamin Zephaniah, que partiu em 07 de dezembro, aos 65 anos. Inglês de Birmingham, com ascendência barbadiana e jamaicana, tratava-se de um artista de muitos talentos, mas foi a poesia que lhe trouxe maior reconhecimento. Coerente com suas simpatias anarquistas e convicções antimonárquicas, em 2003 ele recusou uma condecoração à Ordem do Império Britânico com argumentos tão contundentes que levaram a jornalista Yasmin Alibhai-Brown a devolver o próprio título. Em suma, o homem merece sua atenção. Abaixo, um simpático poema natalino escrito & declamado para o público infantil por esse contumaz ativista vegano:
Que a terra lhes seja leve.
“bordado em folha seca inspirado na ave saíra-sete-cores (tangara seledon)”, de gûyrá art
2023


Obra da artesã Mayara Lima, a Gûyrá Art se dedica a “retratar a beleza da fauna brasileira em folhas secas” – e aqui eu cito do perfil oficial no Facebook.
Se você se interessa por técnicas manuais, são imperdíveis os vídeos no TikTok com o processo de produção das peças (e a embalagem também é de um capricho só!).
y todo marcha bien! cuide-se, e até 2024!
fim.
Descobrindo hoje a newsletter, já encantado... Muito sucesso nesse novo ano.